Territórios Imprudentes
Reckless Trritories
Este projeto partiu de um convite da Contextile 2016 para a realização de uma exposição individual durante o período da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, que se realizou em Guimarães.
A exposição teve lugar no CAAA - Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura.
É composta por quatro elementos de grandes dimensões : três deles ocupam o centro da sala suspensos do tecto até baterem certos no chão. O quarto elemento está encostado a um canto da sala como se dele saísse.
A circulação de quem visita a exposição faz-se entre as peças, ficando-se ao mesmo tempo de frente para uma peça e de costas para outra. Não sendo possível abarcá-las com o mesmo olhar de uma só vez. Isto deve-se portanto, à sua disposição e tamanho, o que transforma aqueles três fragmentos numa peça contínua, como saída de um tear gigante. Tocar nas peças é não só desejável como indispensável para se perceber a relação entre o tacto e a visão, entre o perto e o longe.
Para perceber o sentido háptico que este o trabalho convoca.
Esta exposição foi concebida a partir da investigação que tenho vindo a desenvolver no campo na intersecção entre têxtil e desenho, na qual o têxtil serve como meio de pesquisa formal e plástica para a minha prática artística. Os processos e materiais têxteis ancoram narrativas indissociáveis do comportamento humano e os gestos a eles associados podem servir de entendimento das relações humanas e do próprio pensamento. Nas peças aqui apresentadas, o desenho aparece na forma do mais puro compromisso com o significado originário da palavra designar - na qual o substantivo signum corresponde a rasura, marca, corte, ferida. O desenho entendido assim sobre este suporte têxtil, adquire neste espaço específico um significado que ultrapassa o contexto material, para adquirir significados ligados ao tempo, à memória e até ao sentido de perda.
Este trabalho convoca assim, para este lugar o sentido da memória e do tempo, tanto mais que nos anos oitenta funcionou neste local uma fábrica de tecidos que, como muitas outras, fecharam portas na crise que nessa altura assolou o Vale do Ave.
levantamento do espaço a partir de pré-existências imaginadas da fábrica.